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Nymphadora

Nymphadora's Attic

A Rainha no Palácio das Correntes de Ar (Millennium, #3)

A Rainha No Palacio De Correntes De Ar - Stieg Larsson Acerca da trilogia Millennium como um todo (e porque não pode ser considerada de outra forma), não é de todo admirável que esteja a ser explorada (pela segunda vez) na sétima arte ou que este policial/thriller esteja nas estantes de bestsellers um pouco por toda a Europa e EUA. Por alguns caracterizada como “chocante”, “intempestiva”, “viciante”, num ponto estamos todos de acordo: esta obra causa “comichão”. E desencadeia essa reacção porque é um relato extremamente real, verosímil, quiçá muitos de nós já se confrontaram com situações semelhantes e agora se interrogam se certas coincidências se tratarão mesmo disso… coincidências. Larsson tornou-se mediático por ter desenvolvido uma conspiração que poderia abalar os próprios alicerces da Suécia, mas, como Mikael Blomkvist ressalva num dos últimos capítulos da saga, não se trata de um livro sobre conspirações, mas sim sobre os crimes cometidos pelos homens contra as mulheres. De facto, o autor expõe toda uma rede de criminalidade de género capaz de fazer arrepiar os mais cépticos. E para esse efeito, apresenta-nos personagens excêntricas, cujo passado vai sendo vislumbrado, à medida que observamos a estruturação das suas personalidades. A personagem mais marcante –Lisbeth Salander- é precisamente fruto da violência e crueldade de uma rede criminal que vai sendo descoberta ao longo da série. Uma jovem hacker, excepcionalmente inteligente, mas socialmente inepta, que desde cedo foi institucionalizada e “amordaçada” por uma sociedade que não hesita em classificá-la como “doente” e “perigosa”. Curiosamente, esta personagem alia forças a um audaz jornalista, emocionalmente inconsequente, que se recusa desde logo a julgá-la por opiniões externas – Mikael Blomkvist. E estas são apenas duas das personagens desta trama, que desenvolvem relações muito pouco convencionais, com o objectivo último de expor a verdade e garantir a liberdade que nunca foi reconhecida a Lisbeth.É neste último ponto que se revela a veia jornalística de Stieg Larsson, a sua escrita consegue ser minuciosamente descritiva, não dá espaço à imaginação ou a quaisquer “pontas soltas”, o que o dá solidez a este tipo de obra e, ao mesmo tempo, nos deixa a nós, leitores, pendentes de cada frase.